Nem sei. Há alguns dias tento desenhar algo que, mesmo torto e aparentemente desconexo, expresse um pouco do emaranhado de sensações do qual se constituem meu corpo e minha mente. Atribuo a dificuldade em traduzir-me através destas letras a uma desorganização não planejada. Também culpo medos e receios, mas estes não me perseguem... sou eu que não os deixo ir a outros destinos. Anram, sou possessiva, sim.
Tentarei, a custo de um zumbido interior e certas contrações corporais, relatar um pouco da experiência das últimas semanas. Escrevo, provavelmente, para palpar aquilo que suponho intocável. Gostaria de ser o mais clara possível, mas ao mesmo tempo tenho pretensões literárias que me sufocam e impedem o desenvolver destas linhas. Sinto que não escolho minhas palavras. Minto. Tento escolher até demais... mas não acredito que sentimentos se deixem traduzir... não sei, se não acreditasse realmente talvez não estivesse aqui. Pode ser. Em alguns momentos até conseguem dizer algo, pelo menos das sensações dos outros... eu sou apenas refém de um vocabulário escasso.
Ansiosa por grandes revoluções, comecei a me decepcionar com tudo e com todos. Acusando todos de não se questionarem e não pensarem em qualquer transformação, cometi o grande erro das generalizações. Apontando cegos, tapei qualquer visão que me surpreendesse e me fizesse crer e confiar. Mesmo criticando qualquer idéia de verdade absoluta (e isso em si merece milhares de posts) e acreditando na existência de múltiplos conceitos, verdades, mentiras, construções, etc., não conseguia enxergar a pluralidade de um espaço no qual havia entrado há certo tempo, por opção e através de um processo seletivo de extrema injustiça (isso tb daria outro post)... Impregnada de preconceitos e viciada em outros espaços, reconheço que assumi uma postura de distanciamento. Não gosto de "só passar", e sim de experimentar aquilo que vai surgindo nos meus dias... Por não conseguir ir além das barreiras que eu mesma havia erguido, tinha decidido trancar o curso de jornalismo na UFC ("viiiixi, tu vai trancar a UFC??")... Quanta limitação da minha parte!!!
Devido a acasos burocráticos, tinha q estar matriculada em no mínimo doze créditos (já tinha passado a época de trancar), acabei me inscrevendo em 3 cadeiras... Acredito muito no acaso, nas coisas inusitadas(ops!) e no que fazemos com elas... Este semestre foi de descoberta e de encantamento. Sabe quando vc vai comer um pedaço de lasanha, com água na boca, e se queima pq o troço tá pegando fogo?? Acho que foi isso que aconteceu comigo em relação ao curso... A gente fica com raiva, acha terrível, mas nem por isso deixa de comer lasanha, né? Pelo contrário, quando come depois e sente que é delicioso!.. O lance é ter paciência... E disso eu só uso às vezes.
Pois é, queria ter mais tempo pra falar melhor sobre essa parte do processo... Agora estou encantada com o curso... Não que esteja tudo maravilhoso, mas isso nunca vai estar e nem sei se quero que assim seja... Mas tenho conversado com pessoas lindas que foram fundamentais para meu atual otimismo pessimista em relação ao curso (anram, otimismo puro pode levar à inércia).
HuM... queria escrever mais... sobre outras coisas.... Quem sabe mais tarde, ops... Carpe Diem...
Mas não cabe tudo neste instante... Poucas coisas cabem num instante e duram pra sempre. Sinto que estou sentindo uma delas, mas sobre isso não sei escrever... nem sei se quero.
E é delicioso.
... acho que deveria dizer pralguém que estou escrevendo aqui, né? Acabo dizendo... ou não.