Caprichos da Imaginação

Thursday, June 02, 2005



“...mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas”.
C.Lispector

Pura e simplesmente a vontade de registrar qualquer coisa... ou coisa alguma. Está viciada em escrever artigos, ensaios, resenhas, monografias. Deixou-se impregnar por jargões e vírgulas acadêmicas. Mas hoje não quer textos. Se ousasse, pintaria quadros.
Alguns traços que conseguissem expressar um pedaço da emoção que habita em seu corpo. Corpo. Gosta de tocar emoções, quando nela se instalam quimicamente. Raiva estomacal, ansiedade alimentarmente compulsiva, nervosismo laxante, paixão condensada no ventre, tristeza líquida e fluida... Seu corpo a traduz inteira, de uma forma que nunca consegue apreender nestas poucas linhas.
Não procura descrever... Às vezes é como se nem quisesse escrever... Mas acontece que, na vã tentativa de eternizar um nada, surgem estas letras. Certas palavras como estas, por exemplo, não mostram suas angústias e ansiedades por uma profunda transformação social. Nada falam de seus amores e borboletas. Não contam sua história e não há sequer rumores literários ou uma suave melodia por trás.
E então? É fluxo, algo que toma seu corpo e inebria seus sentidos. Nem sabe. Às vezes, não fazê-lo dói. Biologicamente, o não escrever é como prisão de ventre. Parece grosseira a analogia, e realmente o é. Estas linhas, tal como a merda expulsa, são resultado de uma ação purgante – o ato de não deter o fluxo. Não são belas nem agradáveis, apenas aliviam.

Monday, May 16, 2005

Dois. Três vezes dois.

Dois. Três vezes dois.
Várias voltas, vários gritos. Vêem neste círculo a alegria hedonista. Brincar por brincar. Rir só por rir. E nesse só cabe a plenitude. Passos pequenos, mas firmes. Giram, giram, giram e jogam seus corpos ao chão. Risos e gargalhadas. São felizes e pronto. Pra quê mais? Liberdade deve ser algo que mede menos de um metro e produz sons que inudam o ar.
Outros dois. Sentam. Oblíqua, ela. Perpendicular, ele. Também jogam seus corpos ao chão, mas pesam. Sérios. Ela se levanta. Não trocam olhares nem vozes. Some. Volta. Talvez deseje ser compreendida, quem sabe queira só confusão. Na ausência do beijo, consomem seus corpos em raiva. Uma Coca-Cola. Mas como isso poderia conciliar?
Os dois que faltam, mas não os últimos. Talvez sejam estes as crianças. Responsáveis pelos que são felizes, colocaram seu prazer na existência desses pequenos. Gritam, se preocupam, riem, relevam. Um deles se agacha e serve de transporte para os outros dois.
Improviso literário fora destas linhas. São eles quem escrevem.
Duas vezes três é igual a caos, desespero. Dois choram, de diferentes pares. Três se irritam. Tentam, os primeiros, convencer ou se convencer. Seus opostos pouco sabem da dor que sentem. E quem sabe?
Dois irmãos. Dois amantes. Dois pais.
Há mais. Duas amigas. Dois meninos que se gostam. Dois pré-adolescentes que ensaiam golpes de karatê. Dois hippies. Dois casais. Parece, hoje, que a vida vem aos pares.
E a que escreve, com mais de mil dentro de si, gostaria de traduzir este instante. Invade, mas não interage. Está só.

Sunday, May 08, 2005

Pra quê gastar estas linhas se o que agora sinto, de tão grande, cabe apenas em um suspiro?

P.S... não consegui desbloquear este troço, assim que acho que só quem é usuário do blogspot pode comentar. Perdoem esta que de blog entende muito pouco!Pra qualquer coisa, e eu acharia massa, utilizem o orkut (anram, estou até viciada..) ou meu email.

Wednesday, May 04, 2005

HuM...

Nem sei. Há alguns dias tento desenhar algo que, mesmo torto e aparentemente desconexo, expresse um pouco do emaranhado de sensações do qual se constituem meu corpo e minha mente. Atribuo a dificuldade em traduzir-me através destas letras a uma desorganização não planejada. Também culpo medos e receios, mas estes não me perseguem... sou eu que não os deixo ir a outros destinos. Anram, sou possessiva, sim.
Tentarei, a custo de um zumbido interior e certas contrações corporais, relatar um pouco da experiência das últimas semanas. Escrevo, provavelmente, para palpar aquilo que suponho intocável. Gostaria de ser o mais clara possível, mas ao mesmo tempo tenho pretensões literárias que me sufocam e impedem o desenvolver destas linhas. Sinto que não escolho minhas palavras. Minto. Tento escolher até demais... mas não acredito que sentimentos se deixem traduzir... não sei, se não acreditasse realmente talvez não estivesse aqui. Pode ser. Em alguns momentos até conseguem dizer algo, pelo menos das sensações dos outros... eu sou apenas refém de um vocabulário escasso.
Ansiosa por grandes revoluções, comecei a me decepcionar com tudo e com todos. Acusando todos de não se questionarem e não pensarem em qualquer transformação, cometi o grande erro das generalizações. Apontando cegos, tapei qualquer visão que me surpreendesse e me fizesse crer e confiar. Mesmo criticando qualquer idéia de verdade absoluta (e isso em si merece milhares de posts) e acreditando na existência de múltiplos conceitos, verdades, mentiras, construções, etc., não conseguia enxergar a pluralidade de um espaço no qual havia entrado há certo tempo, por opção e através de um processo seletivo de extrema injustiça (isso tb daria outro post)... Impregnada de preconceitos e viciada em outros espaços, reconheço que assumi uma postura de distanciamento. Não gosto de "só passar", e sim de experimentar aquilo que vai surgindo nos meus dias... Por não conseguir ir além das barreiras que eu mesma havia erguido, tinha decidido trancar o curso de jornalismo na UFC ("viiiixi, tu vai trancar a UFC??")... Quanta limitação da minha parte!!!
Devido a acasos burocráticos, tinha q estar matriculada em no mínimo doze créditos (já tinha passado a época de trancar), acabei me inscrevendo em 3 cadeiras... Acredito muito no acaso, nas coisas inusitadas(ops!) e no que fazemos com elas... Este semestre foi de descoberta e de encantamento. Sabe quando vc vai comer um pedaço de lasanha, com água na boca, e se queima pq o troço tá pegando fogo?? Acho que foi isso que aconteceu comigo em relação ao curso... A gente fica com raiva, acha terrível, mas nem por isso deixa de comer lasanha, né? Pelo contrário, quando come depois e sente que é delicioso!.. O lance é ter paciência... E disso eu só uso às vezes.
Pois é, queria ter mais tempo pra falar melhor sobre essa parte do processo... Agora estou encantada com o curso... Não que esteja tudo maravilhoso, mas isso nunca vai estar e nem sei se quero que assim seja... Mas tenho conversado com pessoas lindas que foram fundamentais para meu atual otimismo pessimista em relação ao curso (anram, otimismo puro pode levar à inércia).
HuM... queria escrever mais... sobre outras coisas.... Quem sabe mais tarde, ops... Carpe Diem...
Mas não cabe tudo neste instante... Poucas coisas cabem num instante e duram pra sempre. Sinto que estou sentindo uma delas, mas sobre isso não sei escrever... nem sei se quero.
E é delicioso.
... acho que deveria dizer pralguém que estou escrevendo aqui, né? Acabo dizendo... ou não.

Monday, May 02, 2005

Experimentando o virtual

Talvez estas linhas devessem constituir um belo texto inaugural, com alguns porquês e várias descrições. Mover-me neste espaço ainda é bastante incômodo. Cansei de sensações que me fazem pensar em não fazer nada. Bom também é fazer mesmo assim. Aliás, nem sei. Tenho (in)certos receios de traduzir-me publicamente.
Comecei a traçar estas linhas depois do comentário de um amigo [é um amigo em potencial e adoro isso] : "eu guardo meus textos na internet pra não se perderem". Inverteu minha perspectiva de achar este mundinho virtual efêmero demais... É mais um espaço de experimentação. E efemeridade talvez seja um dos principais ingredientes desta vida. Meus períodos tortos, desenhados nos últimos meses, incendiaram-se na última terça. Algumas considerações sobre percepções e sentimentos...
Queria seduzir o que agora me lê... A mim mesma. Liberdade é algo que agora mesmo não sinto. E a ausência me incomoda. E gosto de incômodos... adoro os que se deixam traduzir.
Ainda não me apresento, nem sequer represento.. Que fiquem estas letras como teste do 'layout' deste troço.
Maior que a vontade de criar, é a de dormir.
buenas noches...